Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se
a morrer
a janela que abre para
o mar
continua fechada só nos
sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a
força da manhã
escorrem pelos dedos
prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante
claridade das ondas
um rosto desenvolve-se
nítido
além
rasando o sal da imensa
ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de
beleza
e num sussurro o corpo
apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
Al Berto
Portugal, Coimbra 1948
– Lisboa 1997
in O Medo
Editor: Assirio &
Alvim
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