
Se, amor, nos teus bons anos não me deres
A rosa mais profunda do teu colo
De enfado morra já, descei-me ao solo,
Que a vida sobre a terra é se quiseres.
Pois quando esta carcaça o Dramaturgo
Quiser levar-ma, leva de vencida
Apenas uma veste, não a vida,
E aquela hei-de despi-la em qualquer burgo.
Se a alma a que eu aspiro a soterrar
Alheia carne, e encarne não a minha,
A alma igual à minha mas não minha,
E sendo mais que minha é de entregar.
Assim, nas tuas mãos, fiel balança,
Coa minha vida a morte eis que dança.
Daniel Jonas
Portugal; Porto 1973
in NÓ
Editor: Assírio & Alvim
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