Carta de apresentação
O SECRETO MILAGRE DA POESIA
Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.
Excerto
in Rosa do Mundo
22 de fevereiro de 2015
Eugénio de Andrade: Escrito na terra
Da migração dos pássaros falaremos devagar
noutra ocasião
da cal espessa entornada na boca
dos poços
onde o silêncio apodrece.
Há uma razão para não rejeitarmos
tão cruel metáfora do sémen
descobrimos
nas altíssimas e lúcidas bagas de setembro
uma sabedoria próxima ainda das nascentes.
Era isto
onde uma só pedra queima os dedos.
Se queres um exemplo
pega neste mar estranho
olha-te nele
mas não te demores a contemplar
a branca quietude das violetas.
Vamos
é noite agora é tempo
enquanto meus lábios brilham
de alguém morrer sobre o teu corpo.
Eugénio de Andrade
Portugal (Castelo Branco) 1923-2005
in Véspera da Água
Editor: Assirio & Alvim
photo by google
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