Quanto sabe a flor! Sabe ser branca
quando é jasmim, e roxa
quando é lírio.
Sabe abrir o botão
sem reservar doçuras
para si,
ao olhar ou à abelha.
Permite sorridente
que se faça mel com sua
alma.
Quanto sabe a flor!
Sabe deixar-se
colher por ti, para que
tu a leves,
erguida, em teu peito
numa noite.
Sabe fingir, quando no
dia seguinte
de ti a afastas, que
não é a mágoa
por tu a abandonares
que a faz murchar.
Quanto sabe a flor!
Sabe o silêncio;
e possuindo uns lábios
tão formosos
sabe calar o «ai!» e o
«não», e ignora
a negativa e o soluço.
Quanto sabe a flor!
Sabe entregar-se,
dar, dar tudo o que é
seu a quem a quer,
sem pedir mais que
isso: que lhe queira.
Sabe, simplesmente
sabe, amor.
Pedro Salinas
Espanha, Madrid 1891 –
EUA, Boston 1951
in Rosa do Mundo - 2001 Poemas Para o Futuro
Trad. de José Bento
Editor: Assirio &
Alvim
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário