Não será sempre assim… Quando não for,
Quando teus lábios forem de outro; quando
No rosto de outro o teu suspiro brando
Soprar; quando em silêncio, ou no maior
Delírio de palavras desvairando,
Ao teu peito o estreitares com fervor;
Quando, um dia, em frieza e desamor
Tua afeição por mim se for trocando:
Se tal acontecer, fala-me. Irei
Procurá-lo, dizer-lhe num sorriso:
«Goza a ventura de que já gozei.»
Depois, desviando os olhos de improviso,
Longe, ah tão longe, um pássaro ouvirei
Cantar no meu perdido paraíso.
E. E. Cummings
(U.S.A. 1894-1962)
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