Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

1 de outubro de 2011

A estrelinha: Vasile Alecsandri

Tu, que na Eternidade negra andas perdida,
Estrela doce, amada deste coração meu,
E que outrora tinhas no brilho tanta vida,
Quando éramos no mundo somente tu e eu;

Oh, branda luz, tão meiga e secreta!
A saudade por entre as linhas sempre te buscará
E muita vez, cruzando a nocturna claridade,
Em imortais alturas para ti voará.

Passei anos de pranto, passarão tantos inda
Desde que te perdi em hora de pesar!
E minha dor não cansa, e minha mágoa infinda
Qual triste Eternidade, não sabe o que é passar!

Prazer dos meus amores, prazer mais fascinante!
Sentir sonho grandioso de vindouro esplendor!
Tão cedo apagados, estrelas dum instante
Que vão atrás deixando um escuro aterrador.

Cedo apagados! Logo errando em meu tormento
Não tenho outro consolo mais vivo neste aquém
Senão alçar p’ra ti este meigo pensamento,
Estrelinha sorridente, da tumba mais além!

Que muito, sim! Ai, muito na vida eu te queria
Carícia deleitosa deste coração meu!
E em muita felicidade o amor teu me envolvia
Quando éramos no mundo somente tu e eu!

Vasile Alecsandri
(Romênia 1821-1890)
Photo by Google

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