Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

19 de outubro de 2011

Fugira da minh’alma melindrada: Marceline Desbordes-Valmore

Fugira da minh’alma melindrada;
Longe de mim julguei tê-la afastada:
Toda fremente, um dia, ela chegou,
A sua mão pouco soube o que queria fazer
Tempo não tive pra me enfurecer;
Tão-pouco soube o que queria fazer;
Meu coração tarde o adivinhou.

Sem prevenir, disse ela: «Aqui estou!
Esse coração me espera. Pelo Amor
Qu’imploro, serei de novo seu senhor.»
Ao som do amor minha razão cedeu:
Quis afastar-me, e o meu corpo tremeu.
Balbuciei algum gemido ao pérfido;
Para tocar-me, vestiu um olhar tímido;
E a meus pés, chorando, se atirou.
Tudo esqueci quando o Amor chorou.

Marceline Desbordes-Valmore
(France 1786-1859)
photo by Google

Sem comentários: