Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

27 de outubro de 2011

Horas rubras : Florbela Espanca


Horas profundas, lentas e caladas,
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas…

Ouço as olaias rindo desgrenhadas…
Também os astros em fogo, astros dementes.
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas…

E os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-se o luar de sedas puras…

Sou chama e neve branca e misteriosa…
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca
(Portugal 1894-1930)
photo by Google

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