Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

21 de outubro de 2011

Pequena rosa, rosa pequena : Pablo Neruda

Pequena
rosa,
rosa pequena
às vezes,
diminuta e desnuda,
parece
que me cabes na palma
da mão,
assim vou-te colher
e te levar à minha boca,
mas
de repente
meus pés tocam teus pés e minha boca teus lábios,
cresceste,
sobem teus ombros como duas colinas,
teus peitos passeiam pelo meu peito.
Meu braço mal alcança a rodear
a delgada linha de lua nova que tem a tua cintura:
no mar como na água te desataste:
meço apenas os olhos mais extensos do céu
e me inclino à tua boca para beijar a terra.

in Pablo Neruda Os versos do capitão
(Chile 1904-1973)
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E ME INCLINO À TUA BOCA

                  PARA BEIJAR A TERRA

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