Todo o saber que eu tinha andava em minha trança
Toda a minha ciência, em meus lábios vermelhos,
E todo o meu poder, nessa água que descansa
Dos meus olhos no fundo azul, de claro espelho.
Cem discípulos vi desta boca suspensos,
Presos de meus cabelos em tão sábios anéis;
Cem súbditos possuí, de meus olhos imensos
Desejando um clarão como escravos fiéis.
Pende agora, mortal, meu cabelo, coitado!
Como vela no mar quando a brisa não vem,
E sinto o coração no corpo abandonado
Qual pêndula a bater num quarto sem ninguém.
Gottfried Keller
(Switzerland 1819-1890)
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