Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

19 de outubro de 2011

Basílio da Gama: Já Marília cruel, me não maltrata

Já Marília cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas
Arrependida de ter sido ingrata:

Com o tempo tudo se desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d’ouro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há-de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje essa ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.

Basílio da Gama
(Brasil 1741-Portugal1795)
in Cinco séculos de poesia
Antologia da poesia brasileira clássica
Seleção: Frederico Barbosa
Landy Editora
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