ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas escuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que floresce e leva
dentro de si, escondida, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o estreitado aroma que subiu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem de onde,
te amo directamente, sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que não sou nem és,
tão perto que a tua mão sobre o meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sono.
Pablo Neruda – Cien sonetos de amor e una canción desesperada
(Chile 1904-1973)
Sem comentários:
Enviar um comentário