Suavemente, na
penumbra, uma mulher canta para mim;
Fazendo-me voltar
e descer o panorama dos anos, até que vejo
uma criança
sentada debaixo do piano, na explosão do prurido das
cordas
E pressionando os
pequenos, suspensos pés de uma mãe que sorri
enquanto ela canta.
Apesar de mim, a
insidiosa mestria da canção
Atraiçoa-me
fazendo-me voltar, até que o meu coração chora para
pertencer
Ao antigo
entardecer dos domingos em casa, com o inverno lá fora
E hinos na
aconchegada sala de visitas, o tinido do piano o nosso guia.
Por isso agora é
em vão que a cantora irrompe em clamor
Com o
appassionato do grandioso piano negro. A magia
Dos dias infantis
está em mim, a minha masculinidade
É desencorajada
no fluxo da lembrança, choro como uma criança
pelo passado.
D.H. Lawrence
Reino Unido,
Eastwood 1885 – França, Vence 1930
Trad. Cecília
Rego Pinheiro
in Rosa do Mundo
– 2001 poemas para o futuro
Editor: Assírio
& Alvim
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