Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

16 de fevereiro de 2016

Suméria: O homem- de- mel



Ele brotou, deitou botões, é alface à beira d’água plantada,
meu quintal bem fornecido da planura…, meu favorito do seio,
meu grão luxuriante no seu sulco – ele é alface à beira d’água plantada,
minha macieira carregada de seu fruto até ao cimo – ele é alface à beira
d’água plantada.

O «homem-de-mel», o «homem-de-mel» adoça-me sem cessar,
meu senhor, o «homem-de-mel» dos deuses, meu favorito de sua mãe,
cuja mão é mel, cujo pé é mel, adoça-me sem cessar;
cujos membros são doce mel, adoça-me sem cessar.

Meu adoçador do humbigo…, meu favorito de sua mãe,
meu… de coxas mui esbeltas, ele é alface à beira d’água plantada.

É uma bal-bal-e de Inanna.



Suméria
Trad. José Nunes Carreira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google 

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