Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

22 de fevereiro de 2014

Edmund Spenser: Escrevi o nome dela na areia:



Escrevi o nome dela na areia,
Mas as ondas o apagaram logo:
‘screvi outra vez, veio a maré-cheia,
Triste o vi desaparecer de novo.
“Homem vão,” disse ela, “em vão tentando
Imortalizar o que é mortal.
Eu própria a isto chegarei quando
Meu nome se apagar por igual.”
“Não,” disse eu, “o que é vil, é natural
Desfazer-se em pó, tu serás eterna –
Meus versos dar-te-ão um pedestal
Para que teu nome no céu se escreva.
Enquanto a morte vence toda a gente,
Nosso amor nova vida nos dará para sempre"


Edmund Spenser
(England 1552-1599)
 in Os dias do Amor
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