
Cala-te,
a luz arde entre os lábios
e
o amor não contempla, sempre
o
amor procura, tacteia no escuro,
essa
perna é tua?, esse braço?,
subo
por ti de ramo em ramo,
respiro
rente á tua boca,
abre-se
a alma à língua, morreria
agora
se mo pedisses, dorme,
nunca
o amor foi fácil, nunca,
também
a terra morre.
Eugénio de Andrade
(Portugal 1923-2005)
in Poesia
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