deixa que eu perca o meu olhar no teu
e o fogo húmido que vem do infinito
alastre do meu corpo a esse vergão

que na minha boca afundo.
Sugando-te persigo-te e sei que o êxtase,
bem mais que o teu caralho,
é a alma da vagina que pressinto
invadida de novo nesse instante.
Engolindo-te descubro a beatitude
e sou um anjo com sexo que te come
por toda a eternidade.
A queimadura alastra á minha face
e salva a minha cona para sempre -
Salva a minha cona para sempre.
salvando-a me proteges e redimes,
alvoroçando o lugar da açucena
que magnificamente arde entre o vermelho
cetim dos meus pentelhos.
Toma esse refúgio
e o vínculo indivisível desta pele
que aguarda a luz e a sombra da volúpia.
Por esse frenesim me perco toda
e molho a carne em que estivermos.
Por esse frenesim o que perdura
é o nome que tivermos
no fulminante instante da carícia.
A intensa nudez do nosso nome.
Amadeu Baptista
(Portugal 1953)
in A Construção de Nínive
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