Eu cantaria mesmo que tu não existisses
porque haveria de doer-me a tua ausência.

Por isso canto. Alegre ou triste, canto.
Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses,
ó minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.
Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses,
porque nada eu direi sem teu nome.
Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.
Assim cantar-te, meu amor,
para além da morte, para além de tudo.
Joaquim Pessoa
(Portugal 1948)
in Obra Poética Vol.2
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