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para vida tão penada?
não me deixa meu tormento
com a dor desesperada;
tem-me feito tanto dano
que me tem a alma chagada;
no meio do coração
tristeza aposentada;
não lhe posso fugir, não,
que comigo vai pegada;
têm-me as potências somadas
que me não servem de nada;
nenhuma cousa de gosto
em mim pode ter entrada;
se alguma hora prazer vejo
faz-me ser mais enojada;
mil gritos dão meus sentidos
quando eu estou calada.
Joana da Gama
(Portugal 1520?-1586)
in Os dias do Amor
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