
Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e
novas esquivanças,
Que não pode tirar-me
as esperanças,
Que mal me tirará o
que eu não tenho.
Olhai de que
esperanças me mantenho!
Vede que perigosas
seguranças!
Que não temo
contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar,
perdido o lenho.
Mas, enquanto não
pode haver desgosto
Onde esperança falta,
lá me esconde
Amor um mal que mata
e não se vê,
Que dias há que na
alma me tem posto
Um não sei quê, que
nasce não sei onde,
Vem não sei como, e
dói não sei porquê.
Luis de Camões
Portugal 1524-1580
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