Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

24 de junho de 2015

D’amor escrevo, d’amor trato e vivo: Anónimo

D’amor escrevo, d’amor trato e vivo,
d'amor me naçe amar sem ser amado,
d’amor padeço lembrãça d’u cuidado,
de que o mesmo amor me faz cativo.

 
D’amor perfeito, justo, brando, altivo,
d'amor leal, d’amor dezenganado,
d’amor que póde tanto em todo estado
me vem padeçer en hu amor esquivo.

 
Dezamor he que faz tanta mudança,
que amor sempre custuma ser cõstante
nas partes que pertende a fé que trata.


Aqui nada aproveyta que esperança
se em parte dá prazer ao triste amante,
nas mais lhe dá pesar e ao longe o mata.

 

Anónimo
(Portugal Séc. XVI)
In Os dias do Amor
Photo by Google

Sem comentários: