
d'amor me naçe amar sem ser amado,
d’amor padeço lembrãça d’u cuidado,
de que o mesmo amor me faz cativo.
D’amor perfeito, justo, brando, altivo,
d'amor leal, d’amor dezenganado,
d’amor que póde tanto em todo estado
me vem padeçer en hu amor esquivo.
Dezamor he que faz tanta mudança,
que amor sempre custuma ser cõstante
nas partes que pertende a fé que trata.
Aqui nada aproveyta que esperança
se em parte dá prazer ao triste amante,
nas mais lhe dá pesar e ao longe o mata.
Anónimo
(Portugal Séc. XVI)
In Os dias do Amor
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