Se não te amarem finge que não amas.
E se te amassem outro amariam:
E só a si, se bem que fingiriam
Amar-te e dar-te a ti o que reclamas.
Pois mesmo que te amassem mentiriam.
E se amam outro a si outrossim amam
E noutrem só a si mesmo reclamam,
Que amante e coisa amada se diriam…
E porque hás-de fingir que amam a ti
Se não amam em ti sequer mas noutro?
Porque hás-de amar alguém que ama nestrouto
A imagem de si mesmo, e só a si?
Esse ama quem não te ama, afinal…
E mesmo que ame, esse é o teu rival.
Daniel Jonas
Portugal; Porto 1973
in NÓ
Editor: Assírio & Alvim
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