Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

27 de julho de 2014

Daniel Jonas: Se não te amarem finge que não amas


Se não te amarem finge que não amas.
E se te amassem outro amariam:
E só a si, se bem que fingiriam
Amar-te e dar-te a ti o que reclamas.
Pois mesmo que te amassem mentiriam.
E se amam outro a si outrossim amam
E noutrem só a si mesmo reclamam,
Que amante e coisa amada se diriam…
E porque hás-de fingir que amam a ti
Se não amam em ti sequer mas noutro?
Porque hás-de amar alguém que ama nestrouto
A imagem de si mesmo, e só a si?
Esse ama quem não te ama, afinal…
E mesmo que ame, esse é o teu rival.


Daniel Jonas
Portugal; Porto 1973
in NÓ
Editor: Assírio & Alvim

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