Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

21 de março de 2015

Fernando Pessoa: Bébé, vem cá; vem para o pé do Nininho




















Bébé, vem cá; vem para o pé do Nininho;
Vem para os braços do Nininho;
põe a tua boquinha contra a boca do Nininho…
Vem… estou tão só, tão só de beijinhos…

Quem me dera ter a certeza de tu teres saudades
de mim a valer.
Ao menos isso era uma consolação… Mas tu, se
calhar, pensas menos em mim que no rapaz do gargarejo,
e no D.A.F. e no guarda livros da C.D. & c.!
Má, má, má, má, má…!!!
    Açoites é que tu precisas.
Adeus: vou-me deitar dentro de um balde de cabeça para
baixo para descansar o espírito. Assim fazem todos os
grandes homens – pelo menos quando têm – 1º espirito,
2º cabeça, 3º balde onde meter a cabeça.

Um beijo só durando todo o tempo que o mundo ainda
tem que durar, do teu, sempre e muito teu
                  Fernando (Nininho)


Fernando Pessoa
Portugal » Lisboa 1888-1935
in Cartas de Amor de Fernando Pessoa
a Ophelia Queiróz
Editor: Portugália Editora

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