Deitada na cama grita ainda (nada mais a obriga a viver). A outra olha-lhe os peitos e as ancas e tenta reter-lhe as mãos desordenadas que procuram o vácuo à sua roda. Podiam-na ter abandonado lá fora, ao pé da grande árvore, que era o mesmo. Deitada grita ainda mais (nada a pode obrigar a viver).
E a outra analisa-lhe o corpo, analisa-lhe o
medo: o medo que conhece há anos.
O mesmo vício.
O mesmo vício.
Excerto
Maria Teresa Horta
Portugal (Lisboa) 1937
in Ambas as mãos sobre o corpo
Editor: Publicações D. Quixote
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário