Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

21 de março de 2015

Fernando Pessoa: O amor que me têm...



“ O amor que me têm
                      ela disse,

 “ Não tem paixão, que consuma;
ciúme que desvaire; esquecimento, que deslustre.

     Amar-me é como uma noite de verão,
     quando os mendigos dormem ao relento,
     e parecem pedras à beira dos caminhos.

Dos meus lábios mudos não vem o canto das sereias,
nem melodia como a das árvores e das fontes;
mas o meu silêncio acolhe como uma música indecisa,
o meu sossego afaga como o torpor de uma brisa.



Fernando Pessoa
Portugal» Lisboa 1888-1935
in Livro do desassossego de
Bernardo Soares
Editor: Assirio & Alvim
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