Onde
porei meus olhos que não veja
A causa,
donde nasce meu tormento?
A que
parte irei co pensamento
Que para
descansar parte me seja?
Já sei
como s’engana quem deseja,
Em vão
amor, firme contentamento:
De que
nos gostos seus, que são de vento,
Sempre
falta seu bem, seu mal sobeja.
Mas
inda, sobre claro desengano,
Assim me
traz est’alma sogigada,
Que dele
está pendendo o meu desejo;
E vou de
dia em dia, de ano em ano,
Após um
não sei quê, após um nada:
Que, quanto mais me chego, menos vejo.
Diogo Bernardes
Portugal 1520-1605
in Poemas de Amor
Antologia de Poesia Portuguesa
Editor: Publicações D. Quixote
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