Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

16 de abril de 2015

Fernando de Herrera: Eu vi uns belos olhos


Eu vi uns belos olhos que renderam
com doce flecha  um coração magoado,
e que, para acender novo cuidado,
 a sua força contra mim puseram.


Eu vi, que muitas vezes prometeram
remédio ao mal, que sofro não cansado;
 e que, quando esperei vê-lo acabado,
pouco minhas esp’ranças me valeram.


Eu vejo que se escondem já meus olhos
e cresce a minha dor e levo ausente
o golpe f’roz no peito, sem socorro.


Eu vejo que se perdem os despojos
e a lembrança de meu bem presente.
 e em cego engano de esperanças morro.



Fernando de Herrera
Espanha (Sevilha) 1534-1597
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 1ºvol. Renascimento”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
photo by Tutt’ Art

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