Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

21 de abril de 2015

Meu amor tem meu coração, eu tenho o seu: Philip Sidney



Meu amor tem meu coração, eu tenho o seu,
Em troca justa, um pelo outro estão.
O meu está com ele, em mim o que ele me deu,
Nunca se arranjou uma melhor transacção.
Seu coração em mim os dois une agora,
Nele, o meu guia sentidos e pensamento;
Ele ama meu coração que foi seu outrora,
Acarinho o seu porque em mim tem aposento.
Foi ao vê-lo que o seu coração feri,
Meu coração foi f’rido pla sua ferida;
Dele ferido, a sua dor reacendi,
E assim em mim sua dor faz mais dorida.
Ambos f’ridos, a troca ventura nos deu:
Meu amor tem meu coração, eu tenho o seu.


Philip Sidney
(England 1554-1586)
in Os dias do Amor
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