Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

6 de abril de 2015

Francisco de La Torre: Bela minha ninfa é



     Bela minha ninfa é, se os laços de ouro
ao tranquilo vento desordena;
bela, se de seus olhos aliena
o altivo desdém que sempre choro;
     bela se com a luz que, única, adoro
a tormenta do vento e mar serena;
bela, se ao amargor da minha pena
devolve as graças do celeste coro.
     Bela se mansa, bela se terrível,
bela se cruel, bela esquiva, e bela
se torna a luz do céu grave clarão.
     Cuja beleza humana e aprazível
nem se pode saber o que é sem vê-la,
nem, vista, se compreende o que é o chão.



Francisco de La Torre
Espanha (Madrid) 1534-1594
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 1ºvol. Renascimento”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim

photo by Tutt’ Art

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