Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

8 de junho de 2014

Aluysio Mendonça Sampaio: No silêncio da noite insone

No silêncio da noite insone
o relógio é o coração do tempo
pulsando.


Som metálico incessante,
do átimo que passa,
eis a cadência marcial
para o nada.


Belo é o fluir da vida
o desabrochar da flor
pletora da luz
ao despontar de sóis.


No ventre da vida
germina a morte
silente, constante
lâmina cortante do tempo.


Pudéssemos parar o coração das eras!
O nosso instante ― eterno.
O nosso amor ― perene.
Ah! Maldito relógio
consciência do efémero
por que não cessas de bater
o ritmo monótono monocorde
do minuto que passa?

Deixe-me ficar no instante
― minha eternidade.


Aluysio Mendonça Sampaio
Brasil; Sergipe 1926
       São Paulo 2008
photo by google

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