Não, não há morte.
Nem morto está o fruto que tombou:
Dá-lhes vida o abraço dos meus dedos,
Respiram na cadência do meu sangue,
Do bafo que os tocou.
Também um dia, quando esta mão secar,
Na memória doutra mão perdurará,
Como a boca guarda caladamente
O sabor das bocas que beijou.
José Saramago
Portugal; Azinhaga, Ribatejo 1922
Espanha; Tías, Las Palmas 2010
in Os poemas possíveis
Editor: Editorial Caminho
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