I
Esse perfume teu, que assim me inunda
os poros, se te aperto, se te abraço,
deixa em meu sonho o venturoso traço
do rosal, que ao meu toque se fecunda.
Outra coisa não sou senão profunda
semente, pólen sobre o teu regaço,
puro estame de amor em que te enlaço
e enxerto em minha carne vagabunda.
Cheiras, amor, igual a esses jardins
mouriscos, de fragrâncias singulares,
cheiras, amor, como a alga dos meus mares
revolvida na areia entre jasmins...
E à nardo, a murta, a estio nos pomares,
e à alva espuma nos mares, dos delfins.
II
Que hei de fazer, amor, sem teu cuidado
quando novembro chegue às minhas veias?
Já não trarei as mãos, como hoje, cheias
de açucenas, do teu jardim velado.
Porém, desse jardim por mim guardado
entre estas folhas de sonetos cheias,
restará a saudade - e em suas peias
um perfume de amor, de amor calado.
E quando perguntarem: a isto, que era?
Por que uma tal lembrança murcha e rota
no teu velho caderno de poesias?
Eu lhes direi que foi a primavera!
O sumo dos tens lábios, gota a gota,
semeando as ilusões mais fugidias.
Esse perfume teu, que assim me inunda
os poros, se te aperto, se te abraço,
deixa em meu sonho o venturoso traço
do rosal, que ao meu toque se fecunda.
Outra coisa não sou senão profunda
semente, pólen sobre o teu regaço,
puro estame de amor em que te enlaço
e enxerto em minha carne vagabunda.
Cheiras, amor, igual a esses jardins
mouriscos, de fragrâncias singulares,
cheiras, amor, como a alga dos meus mares
revolvida na areia entre jasmins...
E à nardo, a murta, a estio nos pomares,
e à alva espuma nos mares, dos delfins.
II
Que hei de fazer, amor, sem teu cuidado
quando novembro chegue às minhas veias?
Já não trarei as mãos, como hoje, cheias
de açucenas, do teu jardim velado.
Porém, desse jardim por mim guardado
entre estas folhas de sonetos cheias,
restará a saudade - e em suas peias
um perfume de amor, de amor calado.
E quando perguntarem: a isto, que era?
Por que uma tal lembrança murcha e rota
no teu velho caderno de poesias?
Eu lhes direi que foi a primavera!
O sumo dos tens lábios, gota a gota,
semeando as ilusões mais fugidias.
(Espanha 1906)
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