Quando em suas noites de fogo Yaci acorda
espantada,
Boto se transforma
em guerreiro e invade seu leito. As vozes abafadas
no escuro, cresce o silêncio, serpente ele se enrosca
e se enrodilha no seu corpo
pouco a pouco sobe sinuosamente,
entre carícias amacia as asperezas das escamas.
Entre seus longos cabelos surge dizendo: meu amor.
É pedra, é água.
Onde é seu ninho? Navegando entre as folhas,
arcos e ciprestes lhe atinge em delírio
tirando-lhe o respiro: nuvem ela polpa de fruta madura,
odores selvagens, cores. Pensamentos irracionais
exaltam seu corpo:
seus sentidos sete pulos de gato lascivo,
se interroga, pensa e soluça entre suas tranças.
Yaci abraça as suas coxas douradas.
Muito longe começa o teu rio, Boto.
Em desarmonia se cruzam olhares intensos.
Ela busca força em suas entranhas.
Garras arrancam as ancas, as pernas, as costas Boto
vingança desejada.
Escuta seu nome por ele sussurrado: Yaci.
Boto sem remorso fere e ela se arrebata.
Procura-lhe em noites sem descanso
e nos dias seguintes chega inesperado.
Ele surge e ela se exalta.
Cavalos, ninhos, pássaros, borboletas
madeiras, serras, galhos, esferas, rios e riachos.
Boto metade água
metade peixe e metade homem.
Quando toca o fundo do rio e cavalga arrastado pelas
águas, inunda os arbustos entre ilhas.
Yaci estreita em seus braços as escamas
peixe que foge, sabor de água e frutos do mar,
Boto peixe sal-sol-sal. Vista. Respiro
Boto se transforma
em guerreiro e invade seu leito. As vozes abafadas
no escuro, cresce o silêncio, serpente ele se enrosca
e se enrodilha no seu corpo
pouco a pouco sobe sinuosamente,
entre carícias amacia as asperezas das escamas.
Entre seus longos cabelos surge dizendo: meu amor.
É pedra, é água.
Onde é seu ninho? Navegando entre as folhas,
arcos e ciprestes lhe atinge em delírio
tirando-lhe o respiro: nuvem ela polpa de fruta madura,
odores selvagens, cores. Pensamentos irracionais
exaltam seu corpo:
seus sentidos sete pulos de gato lascivo,
se interroga, pensa e soluça entre suas tranças.
Yaci abraça as suas coxas douradas.
Muito longe começa o teu rio, Boto.
Em desarmonia se cruzam olhares intensos.
Ela busca força em suas entranhas.
Garras arrancam as ancas, as pernas, as costas Boto
vingança desejada.
Escuta seu nome por ele sussurrado: Yaci.
Boto sem remorso fere e ela se arrebata.
Procura-lhe em noites sem descanso
e nos dias seguintes chega inesperado.
Ele surge e ela se exalta.
Cavalos, ninhos, pássaros, borboletas
madeiras, serras, galhos, esferas, rios e riachos.
Boto metade água
metade peixe e metade homem.
Quando toca o fundo do rio e cavalga arrastado pelas
águas, inunda os arbustos entre ilhas.
Yaci estreita em seus braços as escamas
peixe que foge, sabor de água e frutos do mar,
Boto peixe sal-sol-sal. Vista. Respiro
Márcia Theophilo
Brasil (Fortaleza, Ceará) 1941
in Antologia de Poetas Brasileiros
Seleção: Mariazinha Congílio
Editor: Universitária Editora
photo by google
Sem comentários:
Enviar um comentário