Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

24 de maio de 2015

Aquela nunca vista formosura: António Ferreira

 
Aquela nunca vista formosura,
Aquela viva graça e doce riso,
Humilde gravidade e alto aviso,
Mais divina que humana real brandura,


Aquela alma inocente e sábia e pura
Que entre nós cá fazia um paraíso,
Ante os olhos a trago e lá a diviso
No céu triunfar da morte e sepultura.

Pois por quem choro, triste? Por quem chamo
Sobre esta pedra dura a meus gemidos,
Que nem me pode ouvir nem me responde?

Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;
E enquanto a clara vista se me esconde,
Seu despojo, amarei, amei e amo.



António Ferreira 
(Portugal 1528-1569  
 “in Poemas de Amor
Antologia de Poesia Portuguesa
Org. Inês Pedrosa 
Editor: Publicações D. Quixote
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