Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

28 de maio de 2015

Francisco de La Torre: Só e calado



Só e calado, triste e pensativo,
fujo de todos com os olhos cheios
de lágrimas e dor,; sempre os enleios
de uns olhos evitando, por quem vivo.
     Neles fica meu espírito cativo
a sofrer sua paixão; e eles alheios
do seu primeiro amor, os belos seios
humedecem a chorar seu fado esquivo.
     A luz eu aguardei dessa beleza,
e na alma levo o golpe justiceiro,
e ali me segue, aonde vou, sua ira.
     Um bem tiro a meus olhos, e o primeiro,
por quem minha alma chora tal dureza,
é ver a dor que no seu rosto mira.


Francisco de La Torre
Espanha (Madrid) 1534-1594
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 1ºvol. Renascimento”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
photo by Tutt’ Art

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