Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

24 de maio de 2015

Fernando de Herrera: Alma bela...


Alma bela, que neste escuro véu
cobriste uns dias o teu vigor luzente,
em fundo e cego olvido, gravemente,
sem erguer voo, sob o que te escondeu.

Já, desdenhando o sítio onde o céu
te encerrou e apurou com força ardente,
e o mortal nó rasgado, vais presente
prà eterna paz, em guerra o chão que é meu.

Volta pra mim tua luz, teu centro tira
prò amplo círculo de imortal beleza,
como vapor terrestre levantado

este espírito opresso, que suspira
em vão pra fugir desta estreiteza
que impede estar contigo descansado.




Fernando de Herrera
Espanha (Sevilha) 1534-1597
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 1ºvol. Renascimento”
Editor: Assirio & Alvim 
photo by Tutt’ Art

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