Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

13 de dezembro de 2011

António Aleixo, Casado que arrasta a asa




Casado que arrasta a asa
À mulher deste e daquele.
Merece que tenha em casa
Outro homem no lugar dele.

 
Meu amor vê se te ajeitas 
A usar meias modernas,
Dessas meias que são feitas  
Da pele das próprias pernas. 


De te ver fiquei repeso,
Em vez de ganhar perdi;
Quis prender-te fiquei preso,
E não sei se te prendi

O meu mais puro sorriso
Eu não o mostro a ninguém  ;
Mas sei rir quando preciso,  
A quem me sorri também.    

Nas quadras que a gente vê,
Quase sempre o mais bonito
Está guardado p´ra quem lê
O que lá não está escrito.

Os meus versos o que são?
Devem ser se os não confundo,
Pedaços do coração     
Que deixo cá neste mundo.  

Tu és fonte de água clara
Que deixa ver a nascente,
Porque me mostras na cara,
O que o teu coração sente.


António Aleixo
(Portugal 1899-1949)
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