À mulher deste e daquele.
Merece que tenha em casa
Outro homem no lugar dele.
Meu amor vê se te ajeitas
A usar meias modernas,
Dessas meias que são feitas
Da pele das próprias pernas.
De te ver fiquei repeso,
Em vez de ganhar perdi;
Quis prender-te fiquei preso,
E não sei se te prendi
O meu mais puro sorriso
Eu não o mostro a ninguém ;
Mas sei rir quando preciso,
A quem me sorri também.
Nas quadras que a gente vê,
Quase sempre o mais bonito
Está guardado p´ra quem lê
O que lá não está escrito.
Os meus versos o que são?
Devem ser se os não confundo,
Pedaços do coração
Que deixo cá neste mundo.
Tu és fonte de água clara
Que deixa ver a nascente,
Porque me mostras na cara,
O que o teu coração sente.
António Aleixo
(Portugal 1899-1949)
photo by Google
António Aleixo
(Portugal 1899-1949)
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