Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

20 de dezembro de 2011

Como era... : Dámaso Alonso


A porta aberta. Veio quieta e suave...
Era material Espirito? Traía
uma ligeira inclinação de nave
e uma luz matinal de claro dia.

Não chegava a ser ritmo, harmonia,
nem era cor. O coração bem sabe!
Porém dizer como era não podia
- forma não é, e nem na forma cabe.

Língua, barro mortal, cinzel inepto
deixa a flor do conceito - eis o meu repto -
nesta noite de bodas, de louvor,


e canta, mansamente, humildemente,
a sensação, a sombra, o estar presente,
enquanto ela a minha alma enche de amor.

Dámaso Alonso
(Espanha  1898-1990)

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