Uma viola de luz hirta e gelada
és agora nas rochas da altura.
Uma voz sem garganta,voz escura
que soa em tudo sem soar em nada.
Teu pensamento é neve resvalada
pela glória infinita da brancura.
Teu perfil é perene queimadura,
teu coração uma pomba desatada.
Canta, canta no ar já sem cadeia,
a matinal fragante melodia,
monte de luz e chaga de açucena.
Que nós aqui em baixo noite e dia
faremos nas esquinas da tristeza
uma grinalda de melancolia.
"in Poemas - Trad: Eugénio de Andrade"
Federico Garcia Lorca
Espanha 1898-1936
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