Quando em meu desvelado pensamento
O teu formoso gesto se afigura,
Não sei que afecto sinto, ou que ternura
Que a toda esta alma dá contentamento.
Ali fico num largo esquecimento,
Contemplando na minha conjectura
Do teu serêno rosto a graça pura,
De teus olhos o doce movimento.
Porém logo a inconstante fantasia
Me acorda o entendimento arrebatado,
E desfaz todo o bem que me fingia.
Sendo tal êste gosto imaginado,
Que de amor outra glória eu não queria
Mais que trazer-te sempre em meu cuidado.
Filinto Elísio
Portugal 1734-1819
in Poemas portugueses
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