revi-te ali, em recordação,
límpidos os campos, a terra apetecia,
e como que a mostrar-me compaixão
a brisa da tarde enlanguescia.
do lago do jardim a prata me sorria,
colar em seios rijos nessa hora.
era um dia dos nossos, sensuais d’outrora:
roubávamos a Noite, o Destino dormia.
comprazia-se numa flor o meu olhar,
vergada de orvalho, as pétalas pendentes,
como se lamentasse o meu sonhar
por mim chorando lágrimas luzentes.
na luz do roseiral a rosa resplendia,
dela era o sol na força do meio dia.
um nenúfar fragrante e sonolento
desperto pela alva perfumava o vento.
tudo isto me enche de paixão por ti
e traz turbação ao peito atormentado.
tivesses vindo neste dia aqui
e ele seria para sempre celebrado.
Ibn Zaydûn
(Al-Ândalus 1003-1071)
in Os dias do Amor
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