sorri ao longe.
Dentes de espuma,
lábios do céu.
- Que vendes tu, rapariga,
de turvos seios ao ar?
- Vendo, senhor, água
do mar.
- Que levas tu, jovem negro,
misturado em teu sangue?
- Levo, senhor, água
do mar.
Essas lágrimas, salobres,
onde te nascem, mãe?
- Choro, senhor, água
do mar.
Coração, esta amargura
tão funda, donde te vem?
-Amarga muito, a água
do mar.
O mar
sorri ao longe.
Dentes de espumas
lábios do céu.
Federico García Lorca
Espanha 1898-1936
in Poemas -Tradução: Eugénio de Andrade
Assirio & Alvim
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