Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

27 de dezembro de 2013

Balada da Água do Mar: Federico García Lorca

 

O mar
sorri ao longe.
Dentes de espuma,
lábios do céu.
 
- Que vendes tu, rapariga,
de turvos seios ao ar?
 
- Vendo, senhor, água
do mar.
 
- Que levas tu, jovem negro,
misturado em teu sangue?
 
- Levo, senhor, água
do mar.
 
Essas lágrimas, salobres,
onde te nascem, mãe?

- Choro, senhor, água
do mar.
 
Coração, esta amargura
tão funda, donde te vem?
 
-Amarga muito, a água
do mar.
 
O mar
sorri ao longe.
Dentes de espumas
lábios do céu.
 
Federico García Lorca
Espanha 1898-1936
in Poemas -Tradução: Eugénio de Andrade
Assirio & Alvim
photo by Google
 


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