Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

13 de janeiro de 2014

Amor Constante Para Além da Morte: Francisco Quevedo



Amor Constante Para Além da Morte
Pode fechar-me os olhos a derradeira
sombra que de mim leva o branco dia,
e livrar de tudo o que prendia
a alma ansiosa, a hora que se abeira;
mas não deixará na margem da ribeira
a memória dos sítios onde ardia:
minha chama nada na água fria
e a dura lei enfrenta altaneira.
Alma de que todo um deus foi prisão,
veias onde tanto fogo foi gerado,
medulas em gloriosa combustão:
o corpo deixará, não seu cuidado;
cinzas hão-de ser, mas com coração;
serão pó, sim, mas pó apaixonado.



Francisco Quevedo
(Espanha 1580-1645)
in Os dias do Amor
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