Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de janeiro de 2014

Eros, o rude: João Pedro Duarte





















Vai o carro a grande velocidade pela ponte,
Pegas na garrafa e roubas mais um gole
Provocas-me para que um clima role
Pois se sou homem que pare e que te monte.

No teu cigarro dás mais uma passa
E pões os pés em cima do tablier,
Já seminua só o casaco faz de negligé
E eu canto enquanto a minha mão te amassa.

À rasca viramos para um motel de estrada.
O tipo pergunta se é apenas uma dormida,
Tu dizes baixo que esperas ser comida:
Rimo-nos bêbados e subimos para a madrugada.

No quarto sacio por fim eu a minha sede,
O primeiro jacto voa com violência
Mas depois empurro-te com cadência
Até te vires devassada contra a suja parede.

À janela pensamos sair para ir trabalhar
Mas enfim, encosta-te a mim e deixa-me esses lábios beijar…


João Pedro Duarte           “in Eros, o rude”
Portugal
photo by Google

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