Quando
embriagada pelo doce vinho
viu
os arranhões de amor
que
ela mesma me infligira
partiu
ofuscada pelo ciúme
Tomando-a
pela franja do se sari
detive-a...
Como esquecê-la
quando
me disse: «Deixa-me, deixa-me!»
olhando
para trás
os
olhos cheios de lágrimas
os
lábios tremendo de despeito
O POETA:
Os
amantes
arrastados
pela torrente do seu amor
e
contidos pelo dique
das
pessoas mais velhas da casa
estão
ainda juntos
mas
não podem satisfazer os seus desejos
Imóveis
como se tivessem sido pintados
bebem
o néctar da paixão
com
que os brindam os negros lótus dos seus olhos
ELA A UMA AMIGA:
Quando
o meu amante se deitou a meu lado
por
si só se desprendeu o meu cinto
e
mal suspenso da cintura
o
vestido deslizou-me pelos quadris
É
a única coisa que sei
pois
mal senti o contacto do seu corpo
de
tudo me esqueci:
de
quem era ele
de
quem era eu
de
como foi o nosso prazer
ELE:
Esmagados
contra o meu peito
os
seus seios estremecem. Entre as suas coxas
flui
a seiva doce do amor...
«Não,
outra vez não... Deixa-me descansar...»
E
aos sussurros sucedem-se
as
súplicas e às súplicas os suspiros
e
aos suspiros o silêncio...
Terá
adormecido? Estará a agonizar?
Ou
serei eu que estou a sonhar?
Amaru
Índia
Séc. VII
Trad.
Jorge Sousa Braga
in
Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor:
Assirio & Alvim
photo by Google
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário