Não a resistência
do vento, mas sim a
densidade da água
que envolve, que agarra
o
corpo, inoculando o
veneno da espera até
transformar pele em
pensamento, menos,
em vozes ouvidas,
outras jamais ditas;
o que se vê tem do
sonho quase nada,
apenas
o desejo de tê-la outra
vez
à distância dos dedos,
ela estaria próxima,
não fosse a grita
do mundo e do corpo,
não fosse esse oriente,
não fosse essa música
que vem das árvores,
não fosse ouvir do
colchão, do lençol, do
travesseiro: volta ao
real, ao invés do leito
te reclama a lida.
Paulo Ferraz
Brasil, Rondonópolis 1974
in Os dias do amor
Editor: Ministério dos
livros
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