
Se é clara a luz desta vermelha margem
é porque dela se ergue uma figura nua
e o silêncio é recente e todavia antigo
enquanto se penteia na sombra da folhagem.
Que longe é ver tão perto o centro da
frescura
e as linhas calmas e as brisas sossegadas!
O que ela pensa é só vagar, um ser só espaço
que no umbigo principia e fulge em
transparência.
Numa deriva imóvel, o seu hálito é o tempo
que em espiral circula ao ritmo da origem.
Ela é a amante que concebe o ser no seu
ouvido, na corola
do vento. Osmose branca, embriaguez
vertiginosa.
O seu sorriso é a distância fluida, a
subtileza do ar.
Quase dorme no suave clamor e se dissipa
e nasce do esquecimento como um sopro
indivisível.
António Ramos Rosa
Portugal (Faro) 1924-2013
in Antologia Poética
Editor: Publicações D. Quixote
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