
de neve vermelha-madrepérola revela-te o
deslize das palavras que ao
nascer amei. Quiçá ainda as ame
quando bebo as balsâmicas auroras
perto daqueles chamamentos
que só eu sei em ti…
…ouve-me, ouve-me meu amor
pouca coisa a dizer-te num fôlego.
Golpe de algodão em estilhaço
no lume aos ares apodrecidos.
…ouve-me, ouve-me meu amor
com estas palavras mudo o sentido
com que te escrevo
onde tu também te sabes perder
ao sentares o teu esbelto peito
deitada na parte que mais aprecias.
No teu próprio corpo dias adiante…
confio-te estas generosas palavras
porque um dia perceberás
que irrompo vagarosamente as tuas manhãs colhidas.
a cabeça enche-me a rosácea boca
de borboletas e cheirosas rosas
até que eu cresço mar azul-turquesa aos empurrões
no sal das tuas aladas mãos que singelamente
caíram de tantos profundos prantos.
…ouve-me, ouve-me
afoguemo-nos no murmúrio das noites estaladas
entre límpido céu e mar
…ouve-me, ouve como te amo
meu eterno amor…
ouve-me,
ouve-me meu amor
Filipe Marinheiro
Portugal(Coimbra) 1982
in Silêncios
Editor: Chiado Editora
photo by Google
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