Se
passares pelo adro
No
dia do meu enterro,
Dize
à terra que não coma
Os
anéis do meu cabelo.
Já
não digo que viesses
Cobrir
de rosas meu rosto,
Ou
que num choro dissesses
A
qualquer do teu desgosto;
Nem
te lembro que beijasses
Meu
corpo delgado e belo,
Mas
que sempre me guardasses
Os
anéis do meu cabelo.
Não
me peças mais canções
Porque
a cantar vou sofrendo;
Sou
como as velas do altar
Que
dão luz e vão morrendo.
Se a
minha voz conseguisse
Dissuadir
essa frieza
E a
tua boca sorrisse !
Mas
sóbria por natureza
Não a
posso renovar
E o
brilho vai-se perdendo…
– Sou
como as velas do altar
Que
dão luz e vão morrendo.
António Botto
Portugal, Concavada 1897
Brasil, Rio de Janeiro
1959
in Canções e
outros poemas
Editor: Edições Quasi
photo by Goog
Sem comentários:
Enviar um comentário