
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus…
E amamos juntos… E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala…
E ela corando, murmurou-me: "adeus”.
Uma noite entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus…
Era eu… Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa…
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus".
Passaram tempos séc'los de delírio,
Prazeres divinais… gozos do Empíreo…
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!..."
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus"
Quando voltei… era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca… surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou: "adeus!"
Castro
Alves
Brasil
(Bahia) 1847-1871
“ in Cinco
Séculos de Poesia –
Antologia
da Poesia Clássica Brasileira “
Seleção:
Frederico Barbosa
Editor:
Landy Editora
photo by
Google
Sem comentários:
Enviar um comentário